Amiga, sua formação acadêmica e
profissional a habilita a analisar esta questão. Que maravilhoso o seu colégio.
Até senti inveja, eis que fiquei com
vontade de correr, brincar e comer essas mangas. Aliás, ... mangas a rumo...
significam muitas mangas, que se pode a ter dar? Que legal, estudar filosofia
nos três anos de ensino médio, por isso, aguçou em você o seu senso de reflexão
sobre a vida e os problemas sociais? A graduação na Universidade Federal, Mestrado
Na USP e Doutorado na UNICAMP. De outro lado, você pontua o vício da sociedade
de se querer um ensino melhor, mas não dá uma contrapartida ao Estado? Enquanto
o Estado não fornece estrutura didática, técnica e melhores salários aos
docentes. As escolas de ponta citadas, escolas militares federais,
Universidades Federais, escolas técnicas federais, a, USP, o IME, o ITA são
exceções que confirmam a regra? Ou, são exemplos da generalidade do ensino
público? Parece-me que dá para contar nos dedos entidades de ensino público de
excelente qualidade as já referidas e o que dizer para a generalidade do ensino
público? O Estado então procura soluções: aprovação automática ( é melhor o
aluno sem capacidade estudar do que se evadir..), vários turnos numa escola
(poucas horas, mas garante o ensino de um número maior de aluno, paga-se mal os
professores e temos mais profissionais (insatisfeitos e a qualidade destes docentes,
o número de exoneração é grande na categoria?, cria-se cotas para solucionar os
desníveis sociais (cotas de tudo..). Na Constituição obriga-se um ensino para o
ensino fundamental, inclusão social, atendimento à gestante, ao neonatal etc.
Será que há acomodação do cidadão em exigir e escolher mal seus representantes,
no momento das eleições? Os mais abastados têm seus filhos nos colégios
particulares de ponta e depois passam em USP’s, colégios militares, IME, ITA,
conseguem classificações em Faculdades que são custeadas fora do Brasil, muitos
não voltam ao Brasil.... Não será que os cursos de excelência é fruto de
discentes de ponta....? Eu não tive uma formação acadêmica boa, pelo contrário:
estudei em um colégio público pequeno no subúrbio pobre do RJ, as deficiências
eram várias, porque até os professores não queriam ser lotados naquela escola
(longe da zona sul ou outros bairros), o ponto ápice era a merenda. Isto me
lembro muito bem: todos comiam avidamente, a comida preparada pela merendeira
(um amor), nossa até hoje lembro que comida mais gostosa, hoje eu sei po que?
Era feita com amor? É, não estou sendo piegas: angu com carne moída, macarrão e
salsicha, arroz, peixe e pirão.... Muitos repetiam até acabar a comida. Os
professores não se esforçavam em dar aulas, estavam com a ideia para que? Vale
a pena? Estudei muito sozinha. A Biblioteca não era visitada, além de ter
poucos livros. .. Ninguém indicava livros, até porque quem teria dinheiro para
comprar? Para o ensino médio fiz provas para vários colégios: Colégio Pedro II
(neste, ainda, no ensino fundamental e fui reprovada), Escola técnica federal,
estadual.... Como eu passei no Estadual e era perto da minha casa do subúrbio
lá fui eu.... No ensino médio era uma falta imensa de professores, eles não
gostavam de ensinar, consegui com uma tia comprar livros e ficava estudando...
Virei autodidata. No vestibular das turmas de terceiro deste colégio, dois
somente conseguiram passar para UFRJ e poucos conseguiram passar em Faculdades
particulares. Quem não conseguiu passar começou logo a trabalhar. Eu consegui
passar em Direito na UFRJ, onde me formei. Não tinha dinheiro, almoçava em
casa, para não gastar em lanches na rua... Com auxílio de parentes consegui
comprar livros e novamente fui autodidata. Na Faculdade, não consegui sequer
uma amizade, eis que eram abastados e não gostavam de pobres... Sinceramente,
nunca liguei, porque eu tinha sede de
saber... Quando terminei não consegui trabalhar em escritório. Advoguei, pouco,
mas sozinha, novamente autodidata. Passei em concurso público e comecei a
ganhar o meu dinheiro, portanto, estudei ainda mais, porque eu comprava livros
e estudava. Passei em mais dois concursos, o último estou há quase dezenove anos. Continuo com sede de saber e
vivo comprando livros e estudando. Fiz quatro Pós-Graduação (três, sou
especialista). Será uma compulsão? Ou, uma vontade de dizer: se estou, aqui, é
porque fui autodidata.
Por último, estou fazendo graduação
de Histórica em Faculdade particular e pago as mensalidades. Mas, já me estendi
o bastante, aliás, foi deixar para minha autobiografia rsrs..